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  • Foto do escritorMarcelo Camargo

Não se destreine nas férias

Atualizado: 22 de jan. de 2020

Por Marcelo Camargo


A interrupção do treinamento implica na descontinuidade por um período temporário ou abandono completo de um programa sistemático.


Relato de um (ex-) corredor:

Sem motivo algum após conquistar minha melhor marca nos 10 km, parei de correr por um tempo, resolvi eventualmente fazer outras atividades, nadar, pedalar, nada sério.Após dois meses de interrupção nos treinamentos, meus amigos me convidaram para uma prova. Fui muito empolgado e animado, porém me dei mal, muito mal! Na metade da prova já não agüentava mais correr. Não sabia que parar de correr por um tempo, digamos curto, perderia tudo aquilo que tinha ganhado, mas perdi.”


O princípio da Continuidade/Reversibilidade pode ser o mais cruel que um corredor possa ter que lidar. O desconhecimento dele faz com que, tantas vezes, (ex-) corredores estabeleçam para si metas facilmente alcançáveis no passado, mas impossíveis no presente. É importante repensar e aceitar novas metas quando o treinamento por algum motivo for interrompido.


Quando essa interrupção é total, o destreinamento produz efeitos bem maiores que o treinamento reduzido, já que continuar ativo especificamente para a atividade que se prepara, manterá os estímulos que preservam as adaptações cardiovasculares metabólicas e neuromusculares.


É comum corredores passarem por fases de interrupção do treinamento e de competições em razão de viagens, trabalho, doenças, lesões, férias pós-temporada ou mesmo desmotivação, que podem levar a uma redução da sua rotina de treinos. Portanto, é extremamente importante conhecer os efeitos e entender os mecanismos que alteram as capacidades fisiológicas que irão influenciar no desempenho do corredor durante esse período.


Ao interromper uma semana de treinos, é de bom senso retornar aos treinos com carga menor que a última semana ativa, porém muitos corredores não têm essa atitude e desconsideram o destreinamento. Retornam aos treinos como se nada tivesse acontecido e muito provavelmente terão dificuldades em cumprir a rotina de treinos normalmente. Vão sofrer com as distâncias e intensidades determinadas e possivelmente aumentarão a predisposição a lesões, já que o principio da continuidade foi desconsiderado. Uma semana de treinos não realizados é motivo suficiente para comunicar ao treinador ou no mínimo retornar aos treinos uma semana anterior a semana que interrompeu.


Esse princípio é compreendido como uma sistematização de rotina que não permite uma quebra de continuidade, sendo assim, para alcançar o objetivo dentro do período determinado, o treinamento não poderá ser interrompido. Caso aconteça, o mesmo terá que obrigatoriamente sofrer um retrocesso, adiando a meta final.


Há estudos divergentes na literatura científica sobre o período temporal e a extensão da perda das adaptações alcançadas com o treinamento. A maioria dos estudos dispõem que as principais perdas ocorrem entre a segunda e a quarta semana de destreinamento, que podem voltar próximo aos valores pré-treinamento dentro de 4 a 8 semanas de destreinamento.

Conclui-se então que, após um período de destreinamento o corredor é incapaz de manter o seu nível de “performance” semelhante ao atingido pós-treinamento, devido às perdas cardiovasculares, metabólicas e neuromusculares ocasionadas durante o período inativo.


Entendemos agora claramente que, ao retornar as corridas após um período de inatividade, não será possível realizar os treinos da mesma maneira que antes.

Da mesma maneira que o corpo se adapta, também “desadapta” e o retorno deverá ser realizado de maneira inteligente, reduzindo a carga de treino em relação ao momento da interrupção e de maneira gradual ir se readaptando.


O tempo necessário para reverter os efeitos do treinamento é proporcional ao tempo de treinamento. Quanto menos tempo o corredor tiver na continuidade dos treinos, mais rápidas serão as perdas e quanto maior for a base do treinamento, mais lenta será a queda de performance. Assim, as perdas dos níveis de adaptação adquiridos no treino estão diretamente relacionados ao período de tempo levado para estas aquisições.

O corredor treinado continuamente por longos meses ou anos ao interromper o treinamento por duas a quatro semanas, necessitará menor tempo no retorno ao treinamento para restabelecer os níveis alcançados, sendo que, o período de recuperação irá variar de acordo com a readaptação individual.


Não devemos esquecer que existem as interrupções planejadas no treinamento para fins de recuperação entre um treino e outro que podem durar até 48 horas, já que após esse período, caso não tenha novo estímulo, acontece uma sensível perda no estado físico e quando pensamos em resultados desejados, isso poderá comprometer significativamente o desempenho do corredor.


Também existe uma interrupção programada na periodização do treinamento após a conclusão da meta-alvo, quando é destinado um período de transição proposital para que o atleta se recupere física e mentalmente antes de iniciar um novo ciclo de treinos, sendo que, durante o retorno, as primeiras semanas terão cargas menores do que as últimas realizadas antes da interrupção.


É importante lembrar que durante as semanas que antecedem uma competição-alvo, os corredores diminuem sensivelmente a carga de treinamento para que no dia da prova estejam em plenas condições de estabelecer suas melhores marcas.

Porém, muitos ainda deduzem que, deixar de treinar ou reduzir os treinos às vésperas de provas irão provocar queda no rendimento, o que é uma inverdade.

Quando bem planejado pelo treinador e executado corretamente pelo corredor, diminuir não é perder – diminuir pode resultar em ganhos excepcionais na competição.


Desta forma, ao pensarmos na prática da corrida, esta deve ser regular, ter uma boa freqüência e continuidade a cada semana para que possamos manter as adaptações, respostas e benefícios provocados pelo treinamento sistemático. Caso contrário estará sempre em processo de ganho e perda e nunca alcançando o objetivo final, seja esse completar uma determinada distância em uma prova ou a melhora o tempo.


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