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  • Foto do escritorMarcelo Camargo

TAF (Teste de Aptidão Física)

Por Marcelo Camargo


– Professor, passei na primeira etapa do concurso e agora terá o T.A.F (Teste de Aptidão Física), mas não consigo correr a distância descrita no edital. Me ajuda?

– Claro! Quando será?

– Semana que vem!

– Oi?


O diálogo acima não é ficção e nem mera coincidência, é a pura realidade e um pedido frequente em meu dia a dia de treinador.


Em muitos casos, os candidatos bem sucedidos nos exames teóricos são reprovados no T.A.F. Isso acontece porque somente após receberem a noticia da aprovação na primeira etapa começam a se preparar, isso as vésperas da prova e em algumas situações menos pior, iniciam a preparação assim que o edital é divulgado, porém em prazo ainda reduzido.


Para cargos públicos como polícia militar, civil, federal, agentes penitenciários, agentes de saúde e outros mais, inclusive cargos administrativos, a aptidão física e saúde é critério importante para o rendimento em sua atividade diária. Ter um estado de saúde íntegro é fundamental, independente do cargo ou profissão da população em geral e o grande vilão na reprovação dos concursos é o sedentarismo.


Sedentarismo é classificado como a falta ou a grande diminuição da atividade física e considerada como a doença do século. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, 40% dos brasileiros, aproximadamente 81 milhões de pessoas não praticam atividade física, o que nos mostra como indicativo, que em pouco tempo teremos uma geração de jovens vivendo menos que seus pais e muito menos ainda que seus avós.


Para nós corredores, praticar alguma atividade física, entre elas a corrida, é normal, prazeroso e necessário. Para nossos amigos e familiares não praticantes, o sedentarismo que é considerado normal e assim, no ponto de vista deles, somos nós que estamos fora da curva de normalidade.


O sedentarismo juntamente com o sobrepeso reflete nos candidatos em concursos e como conseqüência a dificuldade e reprovação no TAF.


Certa vez, participando como fiscal em TAF para concursos, pude vivenciar o total despreparo no teste de capacidade aeróbia para aqueles candidatos que conseguiram chegar a essa etapa, já que muitos são eliminados em testes anteriores, principalmente na barra fixa.


Erros básicos, talvez pela falta de informação como a escolha do tênis e vestimentas inadequadas, alguns usando tênis impróprio a prática da corrida, bermudas de tecido grosso e pesado, camisas pólo, alimentação prévia inexistente ou inadequada gerando desconforto intestinal e estomacal, além de situações incomuns como o início da corrida em disparada e ao final tentando completar o teste caminhando ou com desistências e até mesmo caindo ao chão por exaustão, embora eu considere o treinamento ou a falta de treinamento mais importante do que qualquer vestimenta, assessórios e outro tipo de complemento e suplemento. Nada é mais importante e fundamental quanto estar treinado para concluir uma meta. O fato é que a preparação, em sua maioria, acontece poucas semanas antes da prova e sem orientação técnica, favorecendo dessa maneira a eliminação dos candidatos a cargos públicos.


O teste de corrida determinado em concursos varia em distâncias e pontuações. Alguns seguem o padrão de 12 minutos, utilizando a referência do conhecido teste de Cooper, elaborado pelo Dr. Kenneth Cooper,1968, que tem como objetivo estimar a capacidade aeróbica através do volume máximo do consumo de oxigênio, o famoso VO2 máx. e para isso é solicitado que o indivíduo percorra durante 12 minutos a maior distância possível.


Cooper classifica através de tabelas o nível de aptidão física do individuo correlacionados à faixa etária e sexo, variando de muito fraca à superior de acordo com o resultado obtido.


Outros testes de corrida são realizados em função da distância mínima obrigatória para percorrer nos mesmos 12 minutos, distâncias essas que, de acordo com os editais variam para homens de 2.000 m ou 2.350 m (mínimo) e para mulheres de 1.600 m ou 2.020 m (mínimo) e em alguns testes, quanto maior a distância percorrida, maior a pontuação e chances de aprovação. Sendo que a distância que determina maior pontuação para homens é acima de 2.710 m e para mulheres, acima de 2.340 m. Valores esses extraídos dos últimos concursos da Polícia Federal.

Com essa informação é possível iniciar um treinamento específico e garantir a aprovação no TAF, desde que tenha tempo suficiente até a data do teste.

O cálculo do Teste de Cooper se dá pela fórmula: D (distância percorrida) – 504.1 / 44.9 e assim encontramos oVO2 Máx em ml.kg.min.


Para inicio do treinamento é necessário ter um parâmetro e a partir de então é possível elaborar um planejamento a médio ou longo prazo, organizando os treinos de maneira sistemática, coerente e gradativa. Esse parâmetro pode ser encontrado pelo próprio “Teste de Cooper” e caso o indivíduo não consiga correr continuamente ele poderá caminhar ou intercalar até que tenha uma distância total percorrida durante os 12 minutos.


Caso nº. 1

Um indivíduo (masculino) realizou um teste como parâmetro para preparação ao TAF e completou a distância de 1.600 m durante os 12 min.

Feito o cálculo através da fórmula acima, 1600 m – 504.1 / 44.9 encontramos o valor de VO2 Máx em 24,4 ml.kg.min.

Para que ele consiga a pontuação mínima necessária e de acordo com o edital citado e não seja desclassificado, ele deverá percorrer no mínimo 2.350 m em 12 minutos. Essa distância percorrida e calculada através da fórmula de Cooper nos apresenta um VO2 Máx de 44,1 ml.kg.min

Portanto, percebemos que ele deverá aumentar durante o treinamento, o seu volume máximo de oxigênio em torno de 23 ml.kg.min, o correspondente a 44,6% de melhora em sua condição aeróbia.


Segundo Denadai, 2004, através de um programa de treinamento de 12 semanas é possível obter uma melhora do VO2 Máx de 20% a 40% em seus valores relativos. Esse valor relativo está associado ao peso de massa corporal magra.


Podemos concluir então que, no mínimo 12 semanas de treinamento (o correspondente a aproximadamente 3 meses) serão necessários para melhorar em até 40% a performance de um indivíduo que percorre atualmente 1.600 m em 12 min, sendo que ele ainda deverá aumentar e precisará de mais tempo de treinamento até atingir os 44,6% de melhora até a data de realização do TAF.


Caso nº. 2

Um indivíduo (feminino) realizou um teste como parâmetro inicial para preparação ao TAF e completou a distância de 2.000 m durante os 12 min. Feito o cálculo através da fórmula acima, 2.000 m – 504.1 / 44.9 encontramos o valor de VO2 Máx em 33,3 ml.kg.min.

Para que ela consiga a pontuação máxima desejada e de acordo com o edital citado acima tenha o maior número de pontuação possível, ela deverá percorrer no mínimo 2.340 m em 12 minutos. Essa distância percorrida e calculada através da fórmula de Cooper nos apresenta um VO2 Máx de 40,8 ml.kg.min

Assim, percebemos que ela deverá aumentar durante o treinamento, o seu volume máximo de oxigênio em torno de 7,5 ml.kg.min, o correspondente a 18,3% de melhora em sua condição aeróbia.

Nesse caso, fica claro perceber que existe uma grande possibilidade em alcançar a pontuação máxima da prova com um período de pelo menos 3 meses de treinamento ou um pouco menos.


No dia da realização do TAF em corrida, algumas situações devem ser levadas em consideração para que tudo saia bem e dentro do planejado durante toda a preparação. Uma delas é que não utilize o TAF como uma competição, o importante não é chegar à frente dos outros candidatos, mas sim realizar aquilo para o qual foi treinado e atingir o índice exigido no edital e de acordo com sua capacidade real. Uma boa estratégia para a corrida é controlar o ritmo a cada trecho ou a cada volta na pista.


Exemplo:

Se estiver em condições de correr durante os 12 min a distância de 2.500 m basta fazer o cálculo para velocidade média e seguir a estratégia de percorrer uma volta (400 m) na pista em 1 min 55 seg.

Caso inicie em velocidade mais rápida e percorra em menos tempo que o determinado nas primeiras voltas, a chance de terminar o teste caminhando ou nem finalizar os 12 minutos é grande.

Portanto vale a pena ter uma estratégia coerente com a condição física alcançada nos treinamentos.


Enfim, de maneira teórica é possível justificar a um candidato a necessidade de estipular um tempo prolongado de treinamento ao invés de criar a “ilusão” ou expectativa irreal que as vésperas de uma prova teremos prazo suficiente para treinar e aumentar a sua capacidade cardio-respiratória, além da resistência muscular, velocidade e capacidades coordenativas que o farão possível candidato à aprovação no TAF em um concurso.




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